quinta-feira, 18 de junho de 2015

Apresentação de Moçambique


O vídeo nos traz uma visão geral de Moçambique, desde dados básicos até mais aprofundados. Mostra a cultura de norte a sul.

https://www.youtube.com/watch?v=AYRHdjeq87k

Pequenos vídeos sobre conflitos entre RENAMO e FRELIMO (governo atual), 2013

Moçambique pode voltar a ter momentos de guerra.



                                          Um dos ataques na base de RENAMO.

                                          https://www.youtube.com/watch?v=cgjd9cxxjn8

Conflito em Moçambique entre a RENAMO e o Governo

Militares moçambicanos depois da tomada da base da RENAMO 
em Satunjira, Gorongosa, Provincia de Sofala

               Em 21 de outubro de 2013, a RENAMO anunciou o fim do Acordo Geral de Paz de Roma, depois que forças governamentais atacaram a base da RENAMO na Gorongosa no centro do país. O conflito armado durou até o dia 5 de agosto de 2014, quando ambas as partes chegaram a um acordo de cessação das hostilidades.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Periódicos Online de Moçambique

Enviados por um assinante moçambicano

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1464.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1468.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_nr1469.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1470.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1471.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1472.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/CanalMoz_n1474.pdf

Relato do senhor Urgel

“Olá Carla


                Os amigos tratam-me em geral por Urgel com apelido Antunes.
                Sou natural de Portugal, ( Trás - os - Montes) e a minha familia começou a vir para a colónia de Moçambique desde o meu avô paterno. Com 65 anos de idade, agnóstico mas com formação católica. Resido em Maputo. E...lutei nas Forças portuguesas.
                O processo de descolonização começou por razões alheias aos povos africanos. Começou com a partilha do mundo em dois grandes blocos. A população foi sempre que possível resguardada e foram criados muitos aldeamentos para os acolher. Qualquer conflito gera desconfiança e Moçambique sofreu também desse mal. Em Moçambique a guerrilha manifestou-se apenas no norte e depois no leste por causa de investimentos de vulto como a barragem de Cabora Bassa

Depois da independência...melhorou muito na auto estima e sensação de liberdade mas....a economia....

Tudo de bom

Urgel”

Relato de Orlando Rodrigues, mora atualmente na cidade de Beira, Moçambique

                “Há muito para se dizer sobre Moçambique. Temos uma grande variedade de danças e cantos tradicionais, conforme cada região, pois Moçambique é formado por diversos povos  com culturas e línguas diferentes porque o nosso mapa é o resultado da divisão do território austral de África entre as antigas potências colonizadoras que, na altura, não levaram em consideração a divisão de mesmos povos e a junção de outros no mesmo território. O que nos une, actualmente, é a língua portuguesa que é falada em todo território nacional. Em termos musicais, é mais conhecida a "marrabenta" que é um estilo de música e dança relativamente moderno e que é conhecido por todos os moçambicanos, mas tem origens no sul de Moçambique. 
            Tal como a cultura, as religiões que os moçambicanos professam são várias, sobretudo a Católica, mas o norte, de influência árabe, pratica-se mais o islamismo. Actualmente tem aparecido todo o tipo de religiões porque o país é laico e não há restrições de espécie alguma nessa matéria, portanto, depende da fé de cada um. Os casamentos são, hoje em dia, uma cópia dos casamentos europeus, mas ainda se respeitam algumas tradições como o "lobolo", sobretudo nas áreas rurais, em que o pretendente oferece bens materiais aos pais da noiva. No resto, não há muita diferença com os casamentos de outros lugares.
            Quanto a independência de Moçambique, que faz 40 anos no próximo dia 25 deste mês, há a salientar que foi o resultado de uma guerra movida contra o colonialismo português por um movimento de libertação, a Frelimo, e que durou cerca de 10 anos e só terminou quando Portugal reconheceu o direito à independência das suas ex-colónias.
            Depois da independência, a Frelimo, de características marxistas, governou o país como partido único, mas depois de uma guerra civil desencadeada por um grupo anti-frelimo, que durou 16 anos e terminou com os acordos de paz em Roma há cerca de 21 anos, Moçambique tornou-se um país democrático, mas continua a ser governado pela Frelimo que tem sistematicamente ganho todas as eleições.

Cumprimentos

Orlando”


Imagens de Descolonização

Periódico A Batalha de linha anarquista




Duas imagens mostrando os soldados moçambicanos.

Referências:
http://cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt/17040.html

https://ocaravanserai.wordpress.com/2013/03/22/a-guerra-pela-descolonizacao-de-mocambique/

http://kilombagem.org/sobre-mocambique-por-jose-chasin-1980/

Independência e Descolonização

Moçambique completa 40 anos de sua independência no dia 25 de junho de 2015.

    A nova forma do colonialismo português introduziu formas que impediam o desenvolvimento da população em geral. Então começaram algumas manifestações contra o domínio colonial, como exemplo greves dos trabalhadores.  Essas manifestações tomaram proporções maiores com o desenvolvimento dos movimentos nacionalistas armados: FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
     A FRELIMO foi fundada no exílio e no ano de 1964 iniciou a luta pela libertação de Moçambique. O combate oficial foi no dia 25 de setembro de 1964, com o ataque ao posto administrativo de Chai, em Cabo Delgado. A estratégia que foi usada foi a criação das “zonas libertadas”, área do território moçambicano que estava fora do controle dos portugueses. Assim os revolucionários conseguiam fazer o seu sistema de administração, como se fosse um estado dentro do outro.  
        O conflito contra as forças coloniais se estendeu para outras províncias e durou cerca de 10 anos. Ao assumirem um território, as forças revolucionárias estabeleciam as zonas libertadas, garantindo bases seguras, abastecimento e vias de comunicação.
      O fim da guerra se deu com a assinatura dos Acordos de Lukasa em 1974. Neste período se estabeleceu um governo provisório composto por representantes do FRELIMO e do governo Português que foi até o dia 25 de junho de 1975, data em que foi proclamada oficialmente a independência nacional de Moçambique.

  Após a independência, os portugueses, que eram aproximadamente 250 mil, foram praticamente todos embora.


“A FRELIMO, que aglutinava movimentos de distintas orientações numa única organização, já controlava parte do país quando a Revolução dos Cravos em Portugal precipitou os acontecimentos. Com a fuga da maior parte da elite branca, Moçambique passou a ser governado por um movimento predominantemente negro, que se proclamava marxista-leninista, nas fronteiras da Rodésia e da África do Sul, países cujos movimentos de libertação passaram a receber apoio moçambicano.” (VIZENTINI, p.129, 2007)

Em suma, o que se pode concluir é que a FRELIMO foi responsável pela independência de Moçambique.

“Ambos os países (Angola e Moçambique), mantiveram relações econômicas essencialmente voltadas para o Ocidente, devido a impossibilidade de emancipar a produção e o comércio exterior das estruturas herdadas do colonialismo, bem como a necessidade de evitar completo isolamento diplomático desses países.” (VIZENTINI, p.130, 2007)

Bandeira de Moçambique sendo asteada.


                                      






Referências:



VIZENTINI,  Paulo Fagundes. Breve História da África. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.


Vídeo da Independência dia 25 de junho

O vídeo nos mostra o momento em que o presidente Samora Machel oficializa a Independência de Moçambique em 25 de junho de 1975.
As lutas da pessoas moçambicanas contra as forças portuguesas, teve como nome de Luta armada de Libertação Nacional, teve inicio em 1964.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Força Militar Colonial de Moçambique

1ª Força Expedicionária de Moçambique - Agosto de 1914
                  
            Em 18 de agosto de 1914 foi decretado enviar uma força militar expedicionária a Moçambique de 1.500 homens. A 1ª Força Expedicionária de Moçambique tinha 1.527 homens. Era composta pelo 3º Batalhão de Infantaria n.º 15, de Tomar, na verdade só 200 homens eram do Regimento de Tomar, os restantes 800 eram voluntários de outras unidades, que não conheciam os oficiais nem tinham instrução militar suficiente, uma bateria de artilharia de montanha, um esquadrão de cavalaria e elementos de saúde, sapadores, telegrafistas e administrativos. Um dos maiores problemas que as forças expedicionárias apresentavam era a falta de hábitos de higiene, que causou grandes baixas junto dos efetivos, sem contar com o analfabetismo que dificultou a instrução militar, cívica e de higiene.
            Em 11 de setembro parte de Lisboa a 1ª Força Expedicionária de Moçambique, a qual foi comandada pelo Tenente-coronel Pedro Massano de Amorim. A improvisação também se fez sentir nas disposições para o embarque da Expedição, que por falta de navios de transportes nacionais foi necessário contratar um paquete inglês, o "Durham Castle".
            A viagem foi muito incômoda, pelo grande número de solípedes que o navio transportava. Chegado o "Durham Castle" a Lourenço Marques, em 16 de Outubro. A Força Expedicionária teve de fazer o transbordo do vapor "Durham Castle" para o vapor "Moçambique", onde foi transportada para o Porto Amélia.
            A cidade era ostensivamente a sede da Companhia do Niassa, a quem estava subcontratada a administração do norte da colônia. Como esta Companhia era controlada maioritariamente por acionistas alemães, não foi de espantar que não tenha existido qualquer preparação para receber as tropas da 1ª  Força Expedicionária de Moçambique. O embarcadouro principal encontrava-se ainda em ruínas desde o ciclone do ano anterior, assim como muitas das casas ainda se encontravam sem telhado.
            Foi grande a decepção dos expedicionários quando nada viram preparado para os acolher. Novamente era necessário improvisar. De Lisboa fora pedido que se preparasse o estacionamento de uma base militar em Porto Amélia, mas por falta de recursos locais, por incapacidade e falta de vontade da Companhia do Niassa e falta de iniciativa do Governador da Colônia, nada se encontrava preparado. Este fato foi repetido em cada uma das expedições que se seguiram, sendo constantemente necessário construir todo o tipo de infraestruturas.
            Com a derrota das tropas inglesas, sem uma definição de objetivos militares específicos por parte do Ministério da Guerra e do Governador de Colônia  Álvaro de Castro, o Tenente-coronel Massano de Amorim manteve a 1ª Força Expedicionária de Moçambique no perímetro de Porto Amélia, numa atitude de defesa e de neutralidade.   A razão da missão aparentava mais com uma necessidade política do Governo Português, do que com uma necessidade de ordem militar, o que também contribuiu para a inatividade militar. Em contrapartida, não existiam condições sanitárias, não existia comida de qualidade e os homens tinham de dormir sem redes de proteção contra os mosquitos. Quando a época das chuvas chegou Porto Amélia transformou-se num pântano e as doenças transformaram-se em epidemias. 

2ª Força Expedicionária de Moçambique - Agosto de 1915

            A 23 de agosto 1915 foi decretada uma segunda expedição, desta vez comandada pelo Major de Artilharia Moura Mendes. A 2ª Força Expedicionária de Moçambique era formada pelo 3º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 21, de Penamacor, a 5ª Bataria de artilharia de montanha, a 2ª bataria de metralhadoras do 7º Grupo, o  4º Esquadrão do Regimento de Cavalaria n.º 3  e tropas de engenharia (sapadores mineiros e telegrafistas de campanha), administrativos (equipagens e subsistência) e saúde. (41 oficiais, 1.502 praças). 
                Esta segunda expedição chegou Porto Amélia (Moçambique) a sete de Novembro de 1915. O comandante da expedição Major José Luís de Moura Mendes nunca tinha servido nas colônias e a sua nomeação estava mais ligada aos seus contatos políticos no Governo da República, do que ligado à sua capacidade militar. As suas ordens eram para defender a fronteira do rio Rovuma e criar uma rede de postos de observação ao longo do rio desde o Oceano Índico até ao afluente rio Lujenda.
            O Major Moura Mendes ignorou os avisos do comandante da 1ª Força Expedicionária, quando o avisou da que o Governo de Lisboa lhe estava a pedir e que deveria resolver rapidamente o problema do aquartelamento das tropas no Porto Amélia. Manteve o Quartel-general perto do porto, numa zona insalubre, e por falta de hábitos de higiene das tropas aquarteladas, rapidamente apareceram doenças que também se tornaram epidemias e atingiram quase todos os expedicionários. Os militares mantiveram-se dentro das fronteiras da colônia portuguesa numa posição defensiva, tendo passado o ano de 1915 sem qualquer contato com as forças alemãs.

            A nove de março de 1916 a Alemanha declarou guerra a Portugal e o Governador Geral de Moçambique, Álvaro de Castro, retoma novamente o objetivo de reocupar o Quionga, de invadir a colônia alemã até ao rio Rufigi e de colaborar com as tropas britânicas solicitado. Abre-se um conflito entre o comandante da 2ª Força Expedicionária de Moçambique, Major Moura Mendes e o Governador Geral, chegando ao limite do Governador não se interessar por entender a realidade e apenas forçar uma ação para satisfazer as pressões políticas. Álvaro de Castro afirmou: "Lisboa não estava interessada no que era possível, apenas em vitórias gloriosas".

Combate de Namaca
            A 19 de maio chegou à foz do rio Rovuma o Cruzador "NRP Adamastor" e a Canhoneira "NRP Chaimite" que colaboraram ativamente com as forças expedicionárias. Uma pequena força de marinha desembarcou junto do posto alemão Fábrica e incendiou tudo quanto era combustível, palhotas e cercados, sem que o inimigo disparasse um tiro.
            A 23, tentou a marinha, com as suas lanchas, novo desembarque no mesmo posto, mas foi alvejada pelas metralhadoras alemãs, pelo que teve de retirar com três mortos e seis feridos. Foi então resolvido tentar-se a passagem do Rovuma, em força e assim a 27 de maio, forçou-se a passagem, sob o comando do Major Moura Mendes, assistindo o Governador Geral Álvaro de Castro de bordo do cruzador Adamastor. Foi um ataque coordenado entre forças da marinha que tinham por missão um desembarque e forças do exército que tinham por missão atravessar o rio mais a montante. O ataque foi repelido pelos alemães após várias horas de combate, tendo-se verificado três oficiais e 30 praças mortos, quatro oficiais e 20 praças feridos e dois oficiais e seis praças prisioneiros. Representou um grande esforço, bem executado, mas mal sucedido.
            Este insucesso paralisou a 2.ª expedição durante quatro meses e inutilizou a sua ação ofensiva, mantendo-se contudo a reocupação da margem sul do Rovuma. Verificaram-se numerosas ações neste período, tendo esses pequenos combates o mesmo aspecto do ataque alemão ao nosso posto de Maziúa. 

3ª Força Expedicionária de Moçambique - Maio 1916

            A 25 de maio de 1916 foi decretada uma terceira expedição, desta vez comandada pelo General Ferreira Gil. A 3ª Força Expedicionária de Moçambique era formada por três batalhões de infantaria, respectivamente: Regimento de Infantaria n.º 23 de Coimbra, Regimento de Infantaria n.º 24 de Aveiro e regimento de Infantaria n.º 28 Figueira da Foz. Três baterias de metralhadoras, três baterias de artilharia de montanha, uma companhia mista de sapadores-engenheiros, telegrafistas e pontoneiros, elementos de serviços de saúde, administrativos e de transporte no total  de 159 oficiais, 4.483 praças e 945 solípedes. Acrescia ainda duas companhias de Guarda Republicana com um total de 460 homens.
            Foram ainda enviados 432 praças do Regimento de Infantaria n.º 21, nos termos do Regulamento Disciplinar, por se terem insubordinado. Estes homens formavam duas companhias, só com oito sargentos castigados e sem enquadramento de oficiais, tendo a particularidade de se apresentarem em África sem capacetes de feltro e só com os fatos de mescla com que deviam ter seguido para França.

Execução do Plano de Invasão - Objetivo Lindi.
            Foi dado ao aliado britânico a indicação que iríamos cooperar com as "Colunas do Norte" através da invasão do território alemão através da zona litoral a norte do Rovuma, numa marcha em direção de Mikindani até Lindi, para onde se transferiria a base marítima de Palma. Na prática reajustar a fronteira de Moçambique para o rio Lukuled. 
            Assim enquanto em Namôto se fazia a concentração das forças para atravessar o Rovuma, 40 Km mais acima a "Coluna Negra" a 16 de Setembro fez um reconhecimento no vau de Mayembe e a 17 de Setembro um reconhecimento no vau de N'hica, tendo acontecido em ambas as situações trocas de tiros com o inimigo. Esta coluna era constituída por uma secção de TSF, um pelotão de infantaria montada (comandada pelo Alferes Carlos Selvagem), uma divisão de Artilharia de Montanha, uma companhia europeia do Batalhão de Infantaria 23, uma bateria do 4º Grupo de Metralhadoras (comandado pelo Capitão Zilhão) e as companhias indígenas 19ª, 21ª (comandada pelo Capitão Francisco Curado) e 23ª. Comandava a coluna o Capitão Liberato Pinto (Estado-maior)
            A 18 de setembro, a 21ª Companhia Indígena, comandada pelo Capitão Francisco Curado, e suportada pelo pelotão de infantaria montada, efetuou um novo reconhecimento junto do rio Rovuma, para a passagem da "Coluna Negra", tendo acontecido novo contato com patrulhas inimigas, que foram prontamente repelidas pela força de reconhecimento. Esta coluna destinava-se a cobrir o flanco esquerdo da coluna principal que se preparava para atravessar o rio Rovuma junto a Namôto, através do vau de N'hica.
            A 19 de setembro, às 5 horas da manhã, foi iniciada a travessia do Rovuma (vau de N'hica) pela força principal portuguesa, dando início à invasão da África Oriental Alemã. A força era constituída por 4.000 homens, 10 metralhadoras e 14 peças de artilharia de fogo rápido, organizadas em três colunas e uma reserva geral, comandada pelo General Ferreira Gil.
            A coluna do lado jusante do rio compunha-se por: um pelotão de Sapadores Mineiros, uma divisão de Artilharia de Montanha, uma bateria do 5º Grupo de Metralhadoras, três companhias do Batalhão de Infantaria 24 (europeus) e a 25ª Companhia Indígena, e era comandada pelo Major Pires, auxiliado pelo Capitão Mesquita (Estado-maior).
            A coluna central compunha-se da Guarda Republicana de Lourenço Marques, uma bateria do 7º Grupo de Metralhadoras, três companhias do Batalhão de Infantaria 23 (europeus), e era comandada pelo Major Aristides Cunha, auxiliado pelo Capitão Brito (Estado-maior).
            A coluna a montante compunha-se da 2ª bateria do 8º Grupo de Metralhadoras, a 22ª Companhia Indígena, três companhias do Batalhão de Infantaria 28 (europeus), a escolta do Quartel-general, e era comandada pelo Major Lobo, auxiliado pelo Capitão Machado (Estado-maior).
            A reserva geral, que dependia do Quartel General era composta por uma companhia do Batalhão de Infantaria 24 (europeus), uma companhia do Batalhão de Infantaria 28 (europeus), uma companhia indígena e diversa cavalaria e artilharia.
            A travessia foi apoiada por fogo da Artilharia de Montanha e pelo fogo de metralhadora e de artilharia do "NRP Adamastor", que se tinha colocado na foz do rio. Existiram ainda outras ações de diversão a montante de N'hica, perto de Mocimboa do Rovuma, comandada pelo Capitão Torre Vale de Infantaria. Pelas 14 horas a margem esquerda do Rovuma estava ocupada, tendo a forças portuguesas acampado em Migomba, perto do local de travessia e aí se fortificaram e mantiveram longamente até 14 de outubro, porque, entretanto as forças do General Jan Smuts tinham ocupado as localidades litorais de Mikindani e Lindi, como um plano para impedir os portugueses de virem a reclamar territórios na colônia alemã.
            Nesta situação o General Ferreira Gil decide estudar um avanço em direção ao distrito de Mahenge, com o objetivo de ir ocupando o território conforme avançavo. Ficou então, por solicitação dos ingleses, determinado um primeiro objetivo, a tomada de Songea, uma localidade interior perto do lago Niassa e junto da nascente do rio Rovuma. No entanto a incapacidade de fazer avançar uma  força portuguesa de ataque, aumentou a já existente deterioração das relações Anglo-Portuguesas, ou seja, entre o General Ferreira Gil e o General Jan Smuts.  Os ingleses acabam por ocupar eles próprios a localidade de Songea.
            Entretanto a 25 de Setembro, o Capitão Liberato Pinto é apontado para uma nova missão, comandar uma coluna de exploração a Nevala e com ele parte a "Coluna Negra". 

4ª Força Expedicionária de Moçambique - Setembro 1917

            Entre janeiro e setembro de 1917, o Governador Geral  Álvaro Castro assumiu o comando militar de Moçambique. Entretanto houve a necessidade de dominar uma revolta indígena no Barué.
            Em 12 de setembro o Coronel Sousa Rosa, oficial enérgico, mas sem experiência colonial, assume o comando da 4ª Expedição.
            A 12 de setembro de 1916 foi decretada uma quarta expedição, desta vez comandada pelo Coronel Sousa Rosa. A 4ª Força Expedicionária de Moçambique era formada por três batalhões de infantaria, respectivamente: Regimento de Infantaria n.º 29 de Braga, 30 de Bragança e 31 do Porto.  baterias de metralhadoras, duas baterias de artilharia de montanha, uma companhia mista de sapadores , engenheiros, telegrafistas e pontoneiros, elementos de serviços de saúde, administrativos e de transporte no total  de 209 oficiais, 5.058 praças. Foram ainda enviados mais 108 oficiais e 4.401 praças para reforço das tropas enviadas em expedições anteriores. Foram, ainda, enviados quadros para organizar 20 companhias indígenas e um esquadrão de cavalaria, 55 camiões de transporte, quatro postos de telegrafia sem fios e uma esquadrilha de aviação (3 aviões monomotores Farman).

Combate de Serra Mecula - 1917
            A força do comandante Wahle que progredia rio Chiulezi acima, em direção a Mwemba, veio de encontro à Companhia Indígena do Capitão Francisco Curado, apoiada por uma bateria de metralhadoras, que cobria os abastecimentos concentrados em Nanguar. No dia 1° de dezembro o Capitão Francisco Curado escolheu o local para combater os alemães, que lhe permitia um bom campo de tiro e a construção de um entrincheiramento.
            No dia três de dezembro, às 5 horas da manhã deu-se o primeiro contato com o destacamento alemão de Wahle, que duraram sete horas de fogo e que fez com que os alemães tivessem de retirar com bastantes baixas. No dia quatro e cinco de dezembro foram melhoradas as defesas e os campos de tiro.
            No dia seis de dezembro o comandante Wahle voltou a atacar as forças portuguesas, desta vez com mais efetivos e mais metralhadoras. O combate durou de manhã ao por do sol. Durante a noite os alemães aproveitaram a escuridão para se aproximarem, para voltarem a atacar logo de manhã no dia sete de dezembro. Foi mais um dia de combate e os alemães foram novamente repelidos.
            No dia oito de dezembro os alemães trouxeram para o combate duas peças de artilharia, que lhes permitiu cobrir o fogo defensivo das nossas metralhadoras, envolver a nossa posição defensiva e apoderar-se dos abastecimentos da companhia. A uma hora da tarde tinha terminado o último assalto alemão e o combate terminado. O Combate da Serra Mecula foi o exemplo de uma resistência tenaz que duraram quatro dias, até que a companhia e a bateria de metralhadoras ficaram reduzidas a 36 homens, incluindo a morte em combate do Tenente Viriato de Lecerda. Foi uma das ações mais impressionantes da campanha de Moçambique, dando realce à figura prestigiada do comandante Capitão Francisco Curado, a quem chamaram "O Contestável do Rovuma". 
            Os alemães conseguem efetuar a ocupação militar em toda a região compreendida entre Muemba, Chirumba, Luambla, Namuno, Mualia, Montepuez, até ao rio Lúrio, conservando o controlo do território desde Novembro de 1917 até abril de 1918. Por razões de obtenção de mantimentos, munições e material de guerra, a invasão teve um eixo dirigido de norte para sul, seguindo os postos administrativos e militares portugueses: Negomano, Nanguar, Chirumba, Muembe, Namuno, Montepuez, Mecúfi, Muíte, Malema, Alto Molócué, Ile, Alto Ligonha, Lugela e Namacurra.
             A 13 de dezembro começam a chegar os primeiros transportes ingleses a Porto Amélia começa a morosa organização de uma coluna inglesa, sob o comando do Coronel Rose, enquanto o General Van Deventer se desloca a Lourenço Marques para conferenciar com o governador geral interino, uma vez que Álvaro de Castro tinha regressado a Lisboa. Em abril de 1918 termina finalmente o desembarque de tropas inglesas, que ficam sob o comando do General Edwards. O contingente levou cinco meses desde o inicio do desembarque até que se tornou operacional. Os mesmos navios transportam as tropas portuguesas que se encontravam em Porto Amélia para a cidade de Moçambique.
            A 18 de dezembro o Governo de Lisboa, dá autorização à solicitação de 12 de dezembro do Governo Britânico para desembarcar tropas em Porto Amélia. Mais tarde, em oito de janeiro de 1918, é dado o acordo para que haja cooperação entre as forças portuguesas e britânicas, configurando-se que o comando seria do chefe mais graduado, organizando-se todavia um Quartel General misto. 
            A 27 de dezembro as forças portuguesas que defendiam a posição nos Montes Oizulos capitula em combate perante o ataque do General Wahle, tendo três mortos e três feridos. No final de dezembro as forças alemães tinham expulsados as tropas portuguesas dos territórios da Companhia do Niassa.

Combate de Nhamacurra – 1918
         Os ingleses detinham na zona de Nhamacurra os serviços de segurança e reconhecimento, pelo que as informações prestadas pelo comando inglês em 30 de junho eram que não havia notícias do inimigo e que o rio Licungo não é vadeável. Mas, no entanto, apesar de ter sido atravessado pelas forças alemãs com água pelo pescoço, conseguiram avançar sobre Nhamacurra. Este posto era muito importante para os alemães porque apresentavam grande quantidade de mantimentos armazenados. Nhamacurra ficava a 40 km a Norte de Quelimane.
            O comando, por antiguidade pertencia ao major português, mas como acontecia frequentemente o oficial inglês foi promovido a Tenente-coronel para tomar o comando da força. O então Tenente-coronel Brown, dispôs as forças de forma muito dispersa, a posição das trincheiras, tinha mais de três quilômetros de desenvolvimento e era cortada por uma difícil linha de água. Dificilmente as três companhias portuguesas e duas inglesas poderiam apoiar-se entre si.
            No dia 1° de julho foi efetuado um ataque de surpresa sobre o setor português na esquerda do dispositivo. No combate, a 39ª e a 25ª Companhia Indígena, suportadas por duas metralhadoras e duas peças de artilharia de tiro rápido. A 39ª Companhia Indígena combateu cerca de três horas antes de retirar e a 25ª Companhia Indígena fugiu. Os portugueses tiveram dois oficiais e um sargento mortos, muitos feridos e onze oficiais prisioneiros. No final de dia 1°, os portugueses e os ingleses que se encontravam na zona central do dispositivo de defesa retiraram para o lado direito, concentrando-se na estação de caminho de ferro.
            No dia dois de julho os alemães voltaram a atacar, um primeiro ataque ao amanhecer e outro ao anoitecer, ambos repelidos.
            No dia três de julho, às 6 horas da manhã, iniciam um ataque com maior intensidade do que do dia anterior e às 15 horas abrem fogo com duas peças de artilharia, provocando desordem o aparecimento de civis nas trincheiras. O pânico entre as tropas inglesas leva que muitos fujam para o rio, onde morrem afogados o comandante inglês Brown e muitas praças, devido à forte corrente e à largura do rio avaliada em 80 metros. Depois do combate de Nhamacurra, ainda apareceu subindo o rio um vapor com munições e abastecimentos, o qual foi capturado pelos alemães, que já não tinham carregadores que chegassem para transportar todos os mantimentos e munições capturadas.
            O combate de Nhamacurra foi a última ação importante dos portugueses no período do comando do coronel Sousa Rosa, que em sete de julho regressava à Metrópole. Foi nomeado comandante em sua substituição o general Gomes da Costa, meses antes regressado da França, o qual, porém, só chegou a assumir o comando em 21 de dezembro, depois do Armistício.

Forças expedicionárias a caminho de África, em 1914


Comandante da força expedicionária a Moçambique de 1914, foi Governador-Geral da Índia em 1926.


Fronteira Norte de Moçambique



 Referências:





CORREIA, António Mendes (1947), “A guerra de guerrilhas em Moçambique”, RM 99, Ago/Set, pg. 443-459.

domingo, 14 de junho de 2015

Imagens da Colonização










http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Mo%C3%A7ambique

http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=344

Revoltas, rebeliões e conflitos políticos

A ocupação colonial não foi pacífica. Os moçambicanos impuseram sempre lutas de resistência com destaque para as resistências chefiadas por Mawewe, Muzila, Ngungunhane, Komala, Kuphula, Marave, Molid-Volay e Mataca.

A resistência no sul de Moçambique
No início do século XIX, Lourenço Marques, era uma pequena povoação onde viviam alguns comerciantes portugueses as suas famílias e um governador representando o rei de Portugal. Este obrigava a população a pagar imposto que se chamava de “imposto de palhotas”.
Em 7 de Novembro de 1894, deu-se a batalha de Coalela. Os portugueses organizavam-se para o ataque em forma do quadrado, esta chamava-se de tática de quadrado. Em 28 de Dezembro de 1895, os portugueses atacaram a capital do império de Gaza (Manjacaze), nesta batalha os portugueses utilizaram metralhadoras, cavalos e chefiados por Mouzinho de Albuquerque. O Ngungunhane, imperador de Gaza, e Matibjane, chefe de Zixaxa, foram presos e deportados para a Ilha de Açores (Portugal) onde vieram a falecer.
Continuando os portugueses no território, a luta de resistência contra os colonialistas também continuou com o novo chefe Maguiguane. Este resistiu heroicamente aos portugueses, organizou revoltas populares atacando com sucesso os postos militares dos portugueses.
Em oito de agosto de 1897, deu-se a batalha de Macontene. Nesta batalha os portugueses utilizaram metralhadoras, cavalos, sipáios. Os nossos guerreiros utilizavam lanças, setas, e espingardas de carregar pela boca.

A resistência no norte de Moçambique
Também no norte de Moçambique houve forte resistência do povo à ocupação colonial portuguesa.
Desde 1895 até 1940 foram travadas violentas e sucessivas batalhas. Os principais chefes que se distinguiram foram Mocutu-Munu e Ibrahim (Monapo e Ilha de Moçambique).
Os Namarrois, povo desta região utilizavam uma tática diferente dos guerreiros de Gaza, eles utilizavam a emboscada que consistia na maior movimentação dos guerreiros em pequenos e grandes grupos. Aproveitavam as montanhas, árvores e capim alto para se esconder e atacavam de surpresa os colonialistas portugueses.
A emboscada atrapalhava muito os soldados portugueses, por isso sofreram constantes derrotas.
As guerras dos Namarróis, começou em Outubro de 1896 e depois de defendidos os combates por onde participaram travadores do norte e sul com apoio de Mouzinho de Albuquerque. Outros chefes destacados são: Farlahi, de Angoxe, Mataca, de Niassa, e Mussa-Quanto, de Nampula. A principal batalha foi no quartel de Parapato em 1905 e distribuição de vários quartéis portugueses até Mongicual. Farlahi foi preso em 1910 e foi deportado para a Guiné onde veio a morrer em 1918. Também em Cabo Delgado, os guerreiros do Planalto de Moeda resistiram heroicamente até 1920.

A resistência no centro de Moçambique
Na região central, antigos chefes de Báruè resistiram de modo tenaz durante muitos anos chefiados por Cambuemba.
Cambuemba foi derrotado em 1902 quando os portugueses utilizaram um grande número de soldados, metralhadoras e canhões. Em 1917 os colonialistas portugueses obrigaram a população a participar na construção de estradas e a alistarem-se no exército português. A este descontentamento chamou-se a Rebelião de Báruè.
A população de Báruè, Tete, Manica e Sofala, revoltaram-se contra estas decisões durante cinco anos, os portugueses não conseguiram derrotar o povo de Báruè.
Porém, superioridade das armas dos portugueses, a falta de união entre os Moçambicanos e a traição de alguns chefes, enfraqueceu a heróica resistência do nosso povo.
 A ocupação efetiva de Moçambique prolongou-se até 1920. Não obstante as lutas de resistência contra o colonialismo português continuaram sob diversas formas até a independência.


Período Colonial

 Os primeiros povos que habitaram Moçambique eram os chamados Bosquímanos, que tinha como as principais características a caça recoletora. Com a chegada dos povos Bantu que tinha hábitos guerreiros, forçaram a fuga dos povos primitivos para as regiões mais pobres do país.      
Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez nas terras moçambicanas, em 1497, já existia entrepostos comercias com os árabes, e já tinha grande parte da população adeptas do Islamismo.  
No final do século XV teve uma forte penetração mercantil pelos portugueses, principalmente pela demanda de ouro que era destinado a aquisição de especiarias na Ásia. Inicialmente, os portugueses fixaram - se no litoral, onde construíram as fortalezas de Sofala. Somente muito mais tarde através do forte armamento e do grande número de soldados conseguiram conquistas militares, apoiadas pelas atividades missioneiras e comerciais, e com apoio de alguns chefes locais, é que os portugueses conseguiram adentrar para o interior. Com isso, a primeira fase de dominação, teve como propósito dos portugueses não somente a demanda de ouro, mas sim a dominação da zona de produção de ouro. Os dominadores portanto não queriam mais apenas trocar bens, mas sim exercer o poder nesses territórios. As outras duas fases foi marcada pela dominação do marfim e de escravos, onde eram os principais produtos mercantis.
Com a conferência de Berlim (1884/1885), Portugal ficou para realizar a colonização da região de Moçambique. As formas administrativas implicavam certa integração política. A dominação foi considerada, conforme a tese de assimilação, como prolongamentos ultramarinos do Estado Nacional. 
Com a incapacidade militar e econômica de Portugal, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes a companhias majestáticas e arrendatárias. A Companhia de Moçambique e a Companhia do Niassa são os exemplos típicos das companhias majestáticas. O sistema de companhias foi usado no Norte do rio Save, onde esses dedicaram – se principalmente a uma economia de plantações e um pouco do tráfico de mão de obra para países vizinhos.  Também nas colonias portuguesas, os rendimentos provinham da exploração de produtos naturais, como algodão, açúcar, café e borracha.
O Sul do Rio Save (províncias de Inhambane, Gaza e Maputo) ficaram sob administração direta do Estado colonial. Nesta região do país foi desenvolvida basicamente uma economia de serviços na exportação da mão de obra para as minas sul-africanas e no transporte ferro-portuário. Esta divisão econômica regional explica a razão da atual simetria de desenvolvimento entre o norte e o sul do país. 
Em 1914 quase toda a África estava sob dominação europeia. 

 Referências:
BOABEN, Albert Adu. África sob dominação colonial. 2. ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010.
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013